Quem nunca quis ou não viu um Atari ? lógico que muitos dessa turma mais nova não sabe nem do que eu estou falando, mas quem tem perto de 30 anos, sabe muito bem. Esse vídeo game que me tirou o sono muitas vezes, que fez muitas vezes minha mãe levantar a noite para ver o que era aqueles sons eletrônicos mono, que hoje daria vergonha perto de um Playstation 3 e eu que tinha que desligar correndo e fingir que estava dormindo por qualquer som vindo da porta do quarto dos meus pais, muitas vezes deixando o jogo do jeito que estava, não dava para salvar o jogo e continuar depois.
Demorei para ganhar o meu próprio vídeo game, quem me conhece sabe da minha paixão por games, confesso que hoje um pouco mais abrandada devido aos compromissos que adquiri, mas estou sempre informado sobre oque tem de novo no mundo dos games.
Demorei para ganhar o meu próprio vídeo game, quem me conhece sabe da minha paixão por games, confesso que hoje um pouco mais abrandada devido aos compromissos que adquiri, mas estou sempre informado sobre oque tem de novo no mundo dos games.
Minha primeira experiência com um vídeo game, foi na casa de um primo do meu pai, que tinha um console chamado Tele-Jogo, lançado pela Philco, bom o jogo se limitava a dois bastões na tela, cada jogador movia um deles, e tinha uma bolinha (que na verdade era quadrada... Pode?!!) que não parava, então batia em um bastão de um lado, e outro tinha controlar para não deixar passar, rebatendo para o outro lado, como se fosse um imaginário (e haja imaginação) jogo de tênis, com um som que depois de alguns minutos entrava nos ouvidos irritantemente "Poimmm, Poimmmm", enfim para época brilhante... Então passado um tempo veio o Atari e Odyssey esse último nem com tanto sucesso quanto ao primeiro.
Depois de uma longa jornada de pedidos e greves de fome, ganhei meu Atari, só que minha mãe mandou vir do Paraguai por um vizinho que fazia este contrabando, só que o meu Atari veio diferente do sistema usado na época no Brasil, que era Pal-M, o meu Atari era no sistema NTSC, então ele não ficava em cores, funcionava preto e branco, então reclamei para minha mãe e mandaram consertar para fazer a conversão, ficou umas duas semana no conserto, imagina minha angustia e o pior voltou do mesmo jeito, então quando liguei, meu pai falou: -Uéééé tá preto e branco ainda, vai ter que mandar para o conserto. E eu logo disse: -Não, esse jogo é preto e branco mesmo, ele está arrumado!!! (Eu mentindo com medo de ficar mais um ano no conserto) acabou que o vídeo game ficou o resto da sua existência preto branco mesmo, insistiam comigo que estava preto e branco e eu dizia que a pessoa estava cega, que eu estava vendo cor, tenho trauma de assistência técnica até hoje por causa desse fato.
O grande barato era a troca de fitas, emprestava um para o amigo, ele emprestava outro, depois ninguém mais sabia qual era de qual e com quem estava, eu e meu fiel escudeiro na época o Marquinhos vivíamos caçando quem tinha algum jogo diferente para nos emprestar, e soubemos que no final da nossa rua tinha um homem que tinha muitas fitas, que se chamava Miltinho, nome pelo qual não combinava com seu tipo, ele era um negro de uns 2 metros de altura, magro, cara de bravo, mas tinha um pequeno detalhe... vamos dizer... não era chegado ao sexo oposto, era homossexual assumido, ele morava junto de uma rapaz que suponho era seu "marido", eu e o Marquinhos sabíamos da vasta coleção de jogos dele, mas ficavamos com um medo danado de ir lá pedir emprestado e ser puxado para dentro da casa dele, só que nossa vontade de ter outros jogos foi maior, então combinei com o Marquinhos:
-Eu vou lá pedir e você fica do outro lado da rua olhando, se acontecer alguma coisa, qualquer coisa estranha, você chama a polícia. disse eu ao Marquinhos. E lá foi eu... toquei a campainha e ficava olhando para ver se meu vigia estava alerta, nisso aparece o Miltinho na porta, e eu como não queria dar nenhuma intimidade ao nobre homem disse:
- Olá Sr. MiMiMilton... meu nome é Luis e moro aqui na rua, e soube que o senhor tem alguns jogos de Atari e se não te incomodasse gostaria de saber se você não gostaria de me emprestar algum e eu te emprestava outro - eu com a minha voz trêmula.
- PODE ME CHAMAR DE MILTINHO POR FAVOR!!!- disse ele, e eu já com as pernas bambas com um calor no rosto, com os olhos arregalados, então ele me falou os jogos que ele tinha: - Eu tenho o Come-Come, de Corrida, Come-Come, de Aviãozinho, Come-come...
Olha não sei se foi coisa da minha cabeça, mas para mim ele repetiu várias vezes que ele tinha esse tal jogo do Come-Come que é o Pac-Man, minha cabeça começou a fazer um eco (Come Come.. Come Come...)bom, pedi qualquer jogo, nesta altura do campeonato já nem prestava atenção oque ele estava me ofertando mesmo, pedi qualquer um, estava mais preocupado naquele momento para que ele não interferisse na minha educação sexual. Então ele me emprestou um jogo qualquer, saí correndo de lá levando aquilo como se fosse um troféu, quando mostrei ao meu amigo Marquinhos ele teve quase um colapso... Eu tinha pegado um jogo que a gente já tinha, mas enfim, expliquei para ele o caso do Come-Come e ele entendeu o meu tormento, depois já perdemos o medo inicial e íamos sempre pegar as fitas com ele, mas sempre, sempre com um pé atrás.
Olha não sei se foi coisa da minha cabeça, mas para mim ele repetiu várias vezes que ele tinha esse tal jogo do Come-Come que é o Pac-Man, minha cabeça começou a fazer um eco (Come Come.. Come Come...)bom, pedi qualquer jogo, nesta altura do campeonato já nem prestava atenção oque ele estava me ofertando mesmo, pedi qualquer um, estava mais preocupado naquele momento para que ele não interferisse na minha educação sexual. Então ele me emprestou um jogo qualquer, saí correndo de lá levando aquilo como se fosse um troféu, quando mostrei ao meu amigo Marquinhos ele teve quase um colapso... Eu tinha pegado um jogo que a gente já tinha, mas enfim, expliquei para ele o caso do Come-Come e ele entendeu o meu tormento, depois já perdemos o medo inicial e íamos sempre pegar as fitas com ele, mas sempre, sempre com um pé atrás.
De todas as fitas havia uma que era proibida para menores, chamava-se X-Man, quem tinha não emprestava, e quem não tinha ficava louco para jogar, era meio que uma lenda se existia mesmo essa fita, o jogo era o seguinte: o bonequinho andava por uma labirinto e tinha que escapar de tesouras e alicates que tentavam cortar o seu "Dito cujo", ele entrava em uma portinha e lá podia pegar sua amada, era o próprio sexo explícito no vídeo game, com aqueles gráficos todos em quadradinhos do Atari. Os moleques mais velhos da rua, todos contavam como era aquilo, e a turma mais nova ficava toda com a boca aberta, louca para ver aquele jogo. Então eu e o Marquinhos novamente saímos a caça ao tesouro de quem poderia ter, imaginamos que o Miltinho poderia ter, mas nunca que íamos pedir a ele, ou mesmo perguntar. Até que um garoto da minha escola disse que seu pai tinha, que me emprestaria com uma condição, se eu emprestasse a ele minha luva de goleiro, ahhhhh não precisou falar duas vezes, no outro dia estava o X-Man na minha mão, corri na casa do Marquinhos para chama-lo, ficamos a tarde inteira jogando aquilo, tinha até posições, para nós aquilo era o supra sumo... quase quebramos o controle de tanta alegria... e ainda tínhamos que jogar escondido, porque se nossos pais pegassem era o fim do Atari.
Mas o fim sempre chega, e chegou ao fim os anos de ouro do Atari, vieram os Nintendos, Master System e por ai vai.
Hoje tenho vídeo game de última geração, com belíssimos gráficos, mas já não tem a mesma graça, a magia ficou com o Atari, com todos seus gráficos ruins, com todos seus jogos toscos, com seus sons medonhos, em que na verdade precisavamos imaginar um homenzinho, um carrinho, um aviãozinho ali naqueles quadradinhos, mas para nós na época era tudo, passar uma tarde em frente ao game disputando com os amigos. E também como podem ver passou dos limites de simplesmente ser um video game, para mim ensinou algumas coisas mais...
Mas ainda acredito que esta nostalgia se dá aos meus jovens anos que também não voltam, e se tornam uma lembrança prazerosa de um mundo inocente e menos complicado.
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